Enquanto não tenho acesso à arvore genealógica dos meus ascendentes desta parte da família, vou relatar histórias escutadas na minha infância e juventude sobre antepassados, ilustres ou não. Pouco a pouco descobrirei dados que esclarecerão muita coisa, pois sei que existem escritos da tia Inês Veiga Haas (irmã de meu pai e minha madrinha de batismo) e árvores genealógicas de famílias tradicionais de nossa cidade em quais a nossa se inclue. Além disso, uma reportagem publicada no Jornal “O Estado” de30/10/1999 seção Magazine (por Luiz Henrique Tancredo) serviu para confirmar muitas das informações que eu já tinha conhecimento, e as transmito neste relato.
Origem
Primeiras notícias de um nosso antepassado são bem surpreendentes: ele nasceu no condado de Flandres, na Holanda ! Chamava-se Wilhelm Van der Haegen e pertencia a uma família ilustre e opulenta. Por motivo de lutas políticas e perseguições religiosas em seu país, resolveu partir para os Açores, onde seu nome se corrompeu em Guilherme Vandaraga ou Vandraga e, depois, para Guilherme da Silveira. Segundo estudiosos essa mudança deveu-se a que muitos naqueles tempos (metade do século XIII) se chamavam Vandaragas, que quer dizer”bosque de silvas e matos baixos”. Guilherme da Silveira percorreu diversas ilhas do arquipélago açoriano.
Com o superpovoamento do arquipélago açoriano, aconteceu o empobrecimento da população, o que causou a situação de incentivo ao encaminhamento de muitos de seus habitantes para o sul do Brasil, especialmente para Santa Catarina. E foi assim que para cá vieram muitos dos descendentes de Guilherme da Silveira. Segundo o historiador Lucas Alexandre Boiteux, isto aconteceu entre os anos de 1748 e 1753.
Alguns dos descendentes de Guilherme da Silveira , séculos depois de sua chegada aos Açores deslocaram-se para o continente, estabelecendo-se em uma localidade chamada Souza. Assim começaram a ser chamados os Silveira de Souza e acabaram incorporando definitivamente este sobrenome.
Alguns personagens ilustres da família
Conselheiro João Silveira de Souza
Nascido em Desterro, no ano de1824 e casado com Eugenia Amorim do Valle, João Silveira de Souza, depois de bacharelar-se em Direito na capital paulista e exercer a Procuradoria Geral da Fazenda em Santa Catarina, desloca-se para o Nordeste e para o Norte. Escreve em jornais e chega a presidir as províncias de Pernambuco, do Ceará, da Bahia, do Maranhão e do Pará. Em Recife, torna-se professor de Direito Internacional Privado, lecionando durante 35 anos, e dirige a própria Faculdade.
Novamente em Santa Catarina, elege-se deputado à Assembleia Geral do Império, interrompendo por um ano o mandato para ocupar o Ministério das Relações Exteriores. No final do século preside durante seis anos o Banco Franco Brasileiro do Rio de Janeiro, após o que, já aposentado, fixa residência na cidade de Cabo, Pernambuco, onde falece em 1906.
Autor de várias obras, entre elas “Memória”, documento que levou o marquês de Olinda a suspender a execução do decreto que estabelecia as divisas entre o Paraná e Santa Catarina pelos rios Marombas e Canoas(este decreto tinha sido obtido pelo paranaense Jesuíno Marcondes)
João Silveira de Souza tem seu busto na Galeria de Ministros do Palácio Itamarati e é patrono da Academia Catarinense de Letras. Em Florianópolis é nome de rua e de Grupo Escolar.
Delminda Silveira de Souza (*Desterro, 16/10/1854)(+12/03/1932)
Delminda Silveira destacou-se no campo literário, tendo publicado diversos livros de poesia, sendo a primeira mulher eleita para ocupar uma cadeira da Academia Catarinense de Letras, a qual assumiu com 77 anos de idade. Foi durante muitos anos competente professora de Português no Colégio Coração de Jesus. Delminda Silveira empresta seu nome para uma rua de Florianópolis e a um Grupo Escolar no interior do Estado de Santa Catarina.
Thomas Silveira de Souza,
Médico e político vinculado ao Partido Liberal, presidiu por muitos anos a Assembleia Legislativa. Certa ocasião grassou uma epidemia de cólera e varíola em Desterro e os atingidos foram colocados em quarentena na ilha Ratones Grande. Thomas, sozinho, ia de bote até o local para dar assistência aos doentes.
CONTINUA… (Em construção)